Classes empresariais e de transporte se manifestam sobre proposta de estadualização da BR-282
Governador Jorginho Mello manifestou a intenção recentemente. DNIT também se posiciona sobre o assunto

Recentemente, o governador Jorginho Mello (PL) manifestou a intenção de transferir a gestão da BR-282 para o Governo de Santa Catarina. Atualmente, a rodovia de quase 680 quilômetros, que liga o Oeste ao Litoral, é gerida pelo Governo Federal.
Questionado pelo Diário do Iguaçu sobre as motivações da solicitação, o governador Jorginho Mello mencionou a falta de atenção referente à restauração, melhorias e ampliação da estrada.
"Fiz o pedido ao Governo Federal para que ele estadualize a BR-282, e só me dê o dinheiro da conservação, o dinheiro que ele já gasta hoje, para que o Estado assuma, e vamos fazer os pontos críticos e depois fazer uma concessão, porque se não daqui 20 anos estaremos falando da duplicação da BR-282 ainda. Porque não é prioridade para o Governo Federal, e para Santa Catarina é prioridade", disse o governador.
Posicionamentos
O Diário do Iguaçu entrou em contato com os representantes dos setores empresariais e de transporte da região, para posicionamento das entidades acerca da proposta. Confira o que dizem os presidentes do Centro Empresarial de Chapecó (CEC), Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Chapecó (Sitran) e Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC). Confira
"A BR-282 não pode mais continuar como um exemplo de indefinições. Seja do governo federal ou do governo estadual, há necessidade de atitudes para que seja duplicada e melhor sirva aos usuários. Construída há mais de 50 anos, essa rodovia praticamente mudou muito pouca coisa em sua estrutura, enquanto o volume de tráfego foi ampliado espantosamente. Ao contrário desse exponencial fluxo de usuários, ações para o que se quer, que é a duplicação, andam a passos lentos.
Em reunião que tivemos há alguns dias com o governador Jorginho Mello, ele se mostrou preocupado com a situação e defende a estadualização. Temos tido atuação do Dnit, através do chefe no Estado, engenheiro Alysson de Andrade, que tem se mostrado atento, mas o governo federal precisa ter mais vontade, terceirizando para o governo do Estado ou para a iniciativa privada. É mais do que tempo de sair do papel a duplicação da BR-282, para que o trânsito melhore e se ponha fim à demora e aos acidentes e mortes"
"Com relação à BR-282, mais importante do que a responsabilidade sobre sua gestão, se estadualizada ou não, os transportadores precisam que a rodovia seja revitalizada, duplicada, o que for que tenha que ser feito. Para os usuários, se continuar com o governo federal ou o governo do Estado assumir, não muda muito. Precisamos é da BR-282 nas melhores condições de tráfego, plenamente duplicada e com segurança para todos os usuários"
"A proposta do governador Jorginho, em solicitar a estadualização da BR-282 vem de encontro com a nossa indignação que já vem de há muitos anos com os diversos governos federais que passaram, e que até o momento não deram a devida atenção e o respeito para com toda a região Oeste de Santa Catarina, buscando a duplicação dessa importante rodovia por onde escoa toda a nossa produção, e por aonde também chega a matéria prima que necessitamos para poder suprir as nossas indústrias. A nossa região, que produz 30% da economia de Santa Catarina, que é destaque na exportação, não recebe a devida atenção por estar deslocada dos grandes centros. Esse pedido dele, para nós, faz sentido diante do quadro que temos. Até o momento não vimos uma solução vinda do Governo Federal, e esperamos que venha do Governo Estadual.
Se o Governo Federal entender de que não deve passar ao Estado a rodovia, então proceda com a devida duplicação dos trechos de maior movimento, e com um maior investimento na conservação da rodovia, vide o trecho de Maravilha até São Miguel do Oeste, que se encontra em estado precário. Sabemos que a equipe do DNIT em Santa Catarina vem fazendo um trabalho que busca manter a rodovia, mas precisam que mais recursos sejam destinados para cá" (Helon Rebelatto, presidente da Acic).
O que diz o DNIT
Para o superintendente regional do DNIT em Santa Catarina, Alysson Rodrigo de Andrade, Santa Catarina tem um histórico de processos de federalização de rodovias estaduais, como a 470 e trechos da 280. "Que no passado foram estaduais, e que por conta da falta de conservação e fiscalização da faixa de domínio, foram federalizadas e hoje estão em fase de duplicação. Haviam trechos também da própria 163, que hoje é uma das melhores rodovias do Estado, em pavimento rígido, ampliação de capacidade de execução, desde Guaraciaba até Dionísio Cerqueira".
Por conta disso, para Alysson, a federalização é o caminho mais plausível e condizente com a realidade da gestão dos entes federais e estaduais.
Sobre a BR-282, assim como as demais rodovias federais, o superintendente diz estarem acontecendo obras "a todo vapor e em fase de transformação".
"Temos 13 projetos de duplicação, desde Palhoça até São Miguel do Oeste em curso nesse departamento. Iniciamos projetos de túneis em Santo Amaro da Imperatriz; marginais na Palhoça; estamos fazendo viaduto em Rancho Queimado; Marginais em Maravilha; entroncamento, em parceria com o Governo do Estado, na BR-158. É o DNIT ativo, o Governo Federal também contribui para ampliar as possibilidades logísticas na malha catarinense"."No DNIT de Santa Catarina, gostamos de avançar com equilíbrio. Quando a gente tem um histórico de bons orçamentos acumulados, temos a visão, do ponto de vista de gestão, que é adequado, sim, ir colocando aos poucos rodovias de menor estrutura e capacidade de manutenção, que o Estado tem, que hoje são cinco mil quilômetros de rodovia pavimentada e mil não pavimentadas. E o DNIT de Santa Catarina, não. Tem 1.600 quilômetros de rodovias federais, mas que tem um volume de tráfego muito mais alto do que todos os seis mil quilômetros das rodovias estaduais".
Fonte: Diário do Iguaçu
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