Polícia investiga morte de bebê em creche de Iporã do Oeste

Polícia investiga morte de bebê em creche de Iporã do Oeste

Polícia investiga morte de bebê em creche de Iporã do Oeste
Foto: Reprodução

O caso da bebê que morreu após se engasgar em uma creche particular em Iporã do Oeste, ainda está sendo investigado pela Polícia Civil. O fato ocorreu na tarde do dia 26 de dezembro de 2024.

O delegado responsável pelo caso, Thiago Gomez, disse que a investigação para apurar se foram adotadas todas as medidas possíveis na tentativa de salvamento da criança e se houve algum tipo de negligência ainda está em andamento. Segundo o delegado, muitas pessoas ainda precisam ser ouvidas antes da finalização do inquérito.

A bebê tinha nove meses e frequentava o local há poucos dias, segundo a mãe, Angélica Brancalione. A auxiliar administrativa conta que começou a deixar a criança no espaço infantil no período da tarde, para poder voltar a trabalhar e para que a menina pudesse socializar e brincar mais com outras crianças.

Ainda segundo a mãe, a bebê não estava se adaptando muito bem à creche e, naquela tarde, não queria ficar no local.

— Naquela tarde, entreguei ela para a professora, onde de imediato começou a chorar, se agarrando na minha camiseta. […] Quando eu entregava a Bruna na creche ela sempre chorava muito, porque ela era muito apegada a mim e ela nunca tinha ido em creche e estava ainda em período de adaptação ao local — relembra a mãe.

Angélica conta que deixou a filha no espaço infantil pouco antes das 13h e foi trabalhar. Por volta das 15h45min, foi informada de que a filha estava no hospital.

— A minha chefe recebeu uma ligação solicitando para eu comparecer ao hospital para buscar ela. No meu celular não tinha nenhuma mensagem e aí eu até questionei se era a minha filha mesmo. Eu cheguei lá e tinha os bombeiros, e quando eu entrei no hospital tinha uma multidão que eu nem conhecia e estavam todos desesperados — narra a mãe. — Tinha a professora que tinha segurado ela no colo, tentando me explicar o que tinha acontecido e eu já percebi que a coisa não era simples. Logo chegou o médico e pediu para eu ser amparada por alguém que ele queria conversar comigo, daí começou a aparecer enfermeira, todo mundo chorando, e eu já sabia que não ia ter mais ela — conta Angélica.

De acordo com o que foi passado para a mãe sobre como tudo aconteceu, a criança teria se afogado com leite da mamadeira.

— Ela teria sido alimentada às 14h30min e colocada para dormir. Tempo depois uma cuidadora foi olhar e achou que ela estava dormindo e foi olhar as outras crianças, passou novamente e achou que ela continuava a dormir. E foi cortar frutas para fazer uma salada de frutas. Só depois que se aproximou para ver a Bruna que continuava a dormir, assim a cuidadora percebeu que ela estava com vômito ao redor da boca e acionou os bombeiros, mas já sem chances de ressuscitação — relata a mãe.

“Ela era tudo que a gente tinha”, diz mãe

Os dias sem a filha tem sido difíceis para Angélica e o marido:

— É muito difícil, porque ela era tudo para nós. Ela era a nossa alegria. Ela chegou de repente e era tudo o que a gente tinha, era perfeita e muito querida, muito amada. Chega a hora de ir dormir, a gente sente muita falta, porque ela dormia no meio de nós. É uma tortura ir dormir, a gente tenta enrolar o máximo que pode, para o sono pegar e a gente dormir. O que nos motiva hoje é tentar conscientizar as pessoas da importância dos cursos de primeiros socorros. Que é muito legal que as pessoas saibam que existe a Lei Lucas e o nosso objetivo no momento é aprimorar ela — afirma a mãe da bebê.

A lei citada por Angélica é a Lei Federal 13.722, de 2018, que torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. A legislação recebeu esse nome em homenagem a Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu em 2017 após se engasgar com um lanche durante um passeio escolar, em Campinas (SP).

— É uma dor inexplicável. Uma parte de mim se foi com ela. Eu estou reaprendendo a viver sem ela — lamenta a mãe.

Creche se manifestou em nota

A defesa de Ângela Bracht, dona da creche Pequenos Passos, se manifestou em nota. O advogado Assis Dal Lago Júnior informou que a cliente está “colaborando com a investigação para que tudo seja esclarecido”. Confira a nota na íntegra:

“Na qualidade de defensor da senhora Ângela Bracht, esclarece que a sua cliente está profundamente triste e abalada com a fatalidade ocorrida no dia 26.12.2024 em sua Escola.

Ao longo de todos os anos em que vem atuando com a Educação Infantil, sempre manteve uma postura zelosa priorizando o bem-estar de todas as crianças e famílias com as quais prestou e ainda presta os seus serviços.

Informa que a Escola atua em conformidade com todas as normas de funcionamento estipuladas pelas autoridades competentes sendo sua equipe formada por profissionais capacitados, e treinados para atender todas as crianças.

Esclarece que sua cliente, desde o ocorrido vem colaborando com a apuração dos fatos junto às autoridades competentes a fim de esclarecer as circunstâncias em que os fatos ocorreram.

Por fim, expressa o seu mais profundo sentimento de pesar à família, em que pese saiba que não existam palavras neste momento capazes de trazer algum alivio para a dor da perda, espera que tanto a comunidade, as profissionais da Escola Infantil e especialmente a Mãe e o Pai consigam encontrar algum conforto neste momento tão doloroso.”

Fonte: NSC Total